sexta-feira, 26 de março de 2010

Análise Lúcida e Dolorosa de um COLORADO...

Este texto foi tirado do Blog do Wianey Carlet, de um torcedor que faz uma avaliação da atual situação do Inter:

Olá Wianey, tudo bem?

Imagino que, no mesmo instante em que escrevo-te este e-mail, tua caixa postal já deve estar abarrotada com centenas de e-mails de colorados insatisfeitos. Entretanto, o que me preocupa, é que estas pilhas de reclamações sejam infundadas ou não atinjam o verdadeiro cerne das razões pelo qual fracassa o escrete colorado, nestes três primeiros e míseros meses do ano. Eu escrevi razões. Sim, é plural. A reclamação no singular tem nome e a maioria aponta para o comandante Jorge Fossati. Compreendo o sentimentalismo que remete a nós, torcedores passionais, a apontarmos o dedo indicador para o técnico, após quatro empates e uma derrota vexatória, e pedirmos sua degola com o polegar, assim como fôssemos um Imperador Romano. Mas temos de ir além e não nos prender ao simplismo.

Há desorganização, desobediência tática, nossos volantes apoiam ao mesmo tempo, não há articulação na zona de ataque e não se vê uma boa transição dos laterais, somente para citar algumas constatações iniciais. Agora pergunto-lhes, caros Wianey e torcedores colorados: é culpa do treinador que dos cinco zagueiros do grupo de jogadores apenas um (Bolívar) esteja jogando bem e não a caminho da aposentadoria? Seria responsabilidade do treinador a contratação de centroavantes notívagos e descompromissados com a profissão? Jorge Fossati teria culpa do péssimo posicionamento de Alecsandro, que por característica própria enfia-se, por longos noventa minutos, nas costas dos zagueiros adversários. O fato de D’Alessandro não ingressar na área adversária, assim como nunca o fez em sua carreira, é orientação do treinador. E isso que não citei os defeitos visíveis de Bruno Silva, Kléber e seu terrível aproveitamento em cruzamentos nesta temporada, Nei, que pensa inadvertidamente ser um Franco Baresi ao sair driblando adversários em seu campo de defesa e, para finalizar este parágrafo, cito Taison, o Bobo da Corte do grupo vermelho, que a cada jogada errada, olha para o lado e dá um sorriso para as câmeras, como se aquele erro cometido fosse uma exceção e não uma rotina que se arrasta desde o primeiro semestre do ano passado.

Este atual grupo de jogadores foi montado pela Diretoria Píffero/Carvalho e é exatamente o mesmo time que no ano passada entregou, de mão beijada para o Flamengo, o Campeonato Brasileiro, ao fazer uma das piores campanhas do returno dentre dezenove outras equipes. Qual acréscimo de qualidade que houve? A manutenção de Giuliano e Andrezinho? A chegada de dois laterais direitos medíocres que somados jogam menos que o improvisado Bolívar joga? A “impressionante” contratação de Kléber Pereira, negado por todos os clubes paulistas? É claro que não houve elevação de qualidade. Pelo contrário: temos atletas que estão em curva descendente de desempenho, para citar os que estão na fila do INSS para encaminhar os benefícios da aposentadoria. Não cabe a mim discutir a vida particular das pessoas, nem mesmo daquelas que ficam expostas à mídia, mas o Sr. Fernando Carvalho mudou o tom de seu discurso, se compararmos com aquele Fernandinho Carvalho que quase foi rebaixado em 2002 ante o Paysandu, em Belém. Há soberba no ar. Há imperialismo nas cercanias do Gigante. Há arrogância e incoerência.

O que desejo é a ampliação do debate e não a singeleza e o comodismo de crucificarmos tão somente o despreparado, porém educado e elegante Jorge Fossati. Vejamos: Ao final de 2009, tínhamos nós, torcedores colorados, a certeza de que Wanderley Luxemburgo assumiria o comando em 2010. Alguns dias e surtos de grandeza depois, constatou-se que este profissional seria inviável para o perfil do clube. Cogitaram-se outros dois nomes até que foi contratado o atual comandante charrua. Incerteza e incoerência? Ou seria inapetência da Direção? O que ocorreu foi que, na viagem à bela capital uruguaia, para que houvesse a entrevista do então candidato Fossati, o Sr. Carvalho encantou-se com o discurso defensivista do profissional em questão, o que lhe agradou muito, haja vista que, em inúmeras ocasiões, o maior dirigente da história colorada ressaltou suas predileções por um time “fechadinho”. Estava cometido o erro.

Eis que estamos aqui, três meses depois, discutindo os métodos de trabalho e a falta de convicção tática do técnico uruguaio. Nenhum atleta colorado teve grande atuação neste ano, tampouco o time. É bem verdade que as opções são escassas, pois quando um não está surtado trancafiado em casa, pedindo aumentos em seus vencimentos, há outro errando sucessivos cruzamentos para um avante, “escondidinho” como um prato da culinária mineira. Enfim, não desejo a permanência de Fossati e tampouco quero o mau humor e os três zagueiros de Muricy Ramalho novamente. Gostaria, sim, de estar presenciando a boa execução de um planejamento coerente, tocado por um treinador experiente, que enxergue o jogo da beira do campo e que tenha peito de barrar estrelas e não escalar meias inoperantes e volante que não chutam a gol. Receio que seja tarde demais.

Libertadores? Duvido! Gauchão? Só se batermos o eterno rival em seus domínio e ainda há o agravante da extensa invencibilidade no Olímpico.

D”Alessandro ensinou, a Direção aprendeu e nós torcedores tomamos um “La Boba” em 2010.
Um grande abraço,

Roberto Salami Jr”.

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